Histórico

OS TRINTA E CINCO ANOS DA CRIAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO GAÚCHA DOS SOCIÓLOGOS


Áurea Tomatis Petersen


Há trinta e cinco anos atrás nascia no Rio Grande do Sul a primeira associação de sociólogos do Brasil. Uma assembléia realizada no auditório do velho edifício Castelo na Siqueira Campos, reunindo profissionais e estudantes de Sociologia, foi responsável pelo acontecimento que deu origem à Associação Gaúcha dos Sociólogos (AGS).

Alguns dos participantes da assembléia realizada no dia 21 de maio de 1965 receberam a incumbência de dar os passos iniciais para a criação da entidade e de preparar o processo eleitoral para a escolha da diretoria da associação.

A eleição dos primeiros dirigentes da AGS foi realizada no dia 5 de junho de 1965 e os nomes indicados foram os de Maria Ione Garcia para presidente, José Fraga Fachel para vice-presidente, Maria Elena de Almeida Nunes para l ª secretária, Benito Cardoso para 2º secretário, Cecília Isatto para l ª tesoureira e Luci Boehl para 2ª tesoureira.

É desnecessário dizer que tanto a primeira diretoria como a que a sucedeu, encabeçada por Benito Cardoso, enfrentaram sérios problemas para organizar e manter a entidade funcionando, o que em grande parte pode ser explicado pela difícil situação política vivida pelo país após o golpe mi1itar de 1964. Obviamente, não era fácil reunir pessoas que se dispusessem a trabalhar por uma organização do gênero.
Apesar dos vários problemas, entre 1965 e 1968, a entidade dos sociólogos foi, pouco a pouco, se estruturando e foram lançadas as bases que deram condições ao seu funcionamento mais efetivo, a partir de 1968.

Em 1968, assumiu a direção da AGS um grupo liderado por André Forster e do qual faziam parte Mercedes Loguércio, Lorena Holzmann Silva, Ana Maria dos Reis, Elionora Nahra, Renato Saul, Jussara Gonçalves, Neusa Giacobbo e Maria Assunta Campilongo. Eram todos muito jovens e foram considerados “sangue novo” na instituição.

Nas duas eleições seguintes, André Forster foi reeleito, assim como boa parte dos sociólogos que o acompanhavam em sua primeira gestão, podendo se dizer que esse grupo desempenhou importante papel na construção da AGS.

No final do terceiro período de Forster (1973), iniciou-se no País o processo de transição política, período em que os sociólogos desempenharam papel muito importante, participando na discussão das transformações que começavam a acontecer.

Essa conjuntura refletiu-se na AGS, motivando um importante crescimento da participação e, conseqüentemente, da entidade. Muitos profissionais, recém saídos do curso de Ciências Sociais, passaram a trabalhar junto à AGS, bem como alguns compuseram a diretoria eleita em 1974. Essa diretoria foi encabeçada por Ênio Silveira, professor da UFRGS.

Foi também a partir de meados da década de 70 que começou a ser debatida entre sociólogos a viabilidade de criar uma associação de classe que reunisse a categoria; ou mesmo, a possibilidade de transformar a AGS em uma associação de caráter sindical. Naturalmente, essa discussão estava articulada com a polêmica da regulamentação da profissão de sociólogo.

Foi nas duas gestões seguintes, uma liderada por Maria Luiza Jaeger e a outra por Enid Backes, que a AGS saiu dos 1imites do movimento de uma categoria profissional, passando a ter relações com outras entidades da sociedade civil, bem como se inserindo numa série de atividades como ENCLATs e CONCLATs. Também foi bastante importante o papel da AGS no "Manifesto dos Sindicatos Gaúchos" em 1977. Esse manifesto foi assinado por 94 entidades sindicais gaúchas, sendo a primeira manifestação coletiva do movimento sindical, após o golpe de 1964.

Em 1980, profissão de sociólogo finalmente foi reconhecida. Como conseqüência, a AGS realizou várias assembléias bastante concorridas e marcadas por longas discussões, do que resultou a criação da Associação Profissional dos Sociólogos do Rio Grande do Sul, embrião do Sindicato dos Sociólogos, surgido em 27 de junho de 1986. O Sindicato dos Sociólogos do Rio Grande do Sul é, portanto, a entidade que sucedeu à Associação Gaúcha dos Sociólogos do Rio Grande do Sul.

Porto Alegre, 18 a 20 de maio de 2000. IV Encontro Estadual de Sociologia. Em comemoração ao 35 anos da Associação Gaúcha dos Sociólogos.

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